29 de mai. de 2010

Um tour em Vila Isabel

Por Márcia Silvânia

Quando chegamos à Vila Isabel, somos recebidos informalmente numa praça por Noel Rosa sentado em uma mesa de bar sendo servido por um garçom, que nos remete ao cenário da música Conversa de Botequim. Utilizando o nosso inconsciente, somos convidados a participar da poesia e boemia do bairro. Localizado na denominada Grande Tijuca, cercado pelos bairros da Tijuca, Aldeia Campista, Grajaú, Andaraí, Maracanã e Riachuelo, através da ligação do Túnel Noel Rosa.

A vida noturna do bairro da zona norte não deixa a desejar, pois temos diversas maneiras para nos divertirmos, desde barraquinhas, pés sujos, escola de samba, bares e restaurantes requintados, opções não faltam.

Não é por acaso que as calçadas de Vila Isabel são decoradas com mosaicos portugueses desenhando partituras de grandes compositores da Música Popular Brasileira, sugerida pelo arquiteto Orlando Magdalena, em 1965, quando se comemorava o IV Centenário do Rio de Janeiro. Essa idéia foi aprovada pelo então governador do antigo Estado da Guanabara, Francisco Negrão de Lima no período de 1965 a 1971. O músico Almirante foi incumbido de escolher as músicas que comporiam as calçadas do bairro. Este projeto contemplou os seguintes lugares:

Começando pela Praça Maracanã e terminando na Praça Barão de Drumond, percorrendo toda a extensão da Boulervad 28 de Setembro, apresentando as seguintes partituras musicais:

Cidade Maravilhosa - André Filho (esta primeira ainda na Praça Maracanã)
Abre Alas - Chiquinha Gonzaga
Pelo Telefone - Donga/Mauro de Almeida
Mal-me-quer - Cristóvão de Alencar/Armando Reis/Newton Teixeira
Feitiço da Vila - Noel Rosa/Vadico - em frente a Associação Atlética Vila Isabel
Ave Maria - Ertildes Campos/Jonas Neves
Aquarela do Brasil - Ary Barroso
Jura - Sinhô
Carinhoso - Pixinguinha/João de Barro
Linda Flor - Henrique Vogeler/Luís Peixoto
A Conquista do Ar - Eduardo das Neves
Luar do Sertão - Catulo da Paixão Cearense/João Pernambuco
Chão de Estrelas - Orestes Barbosa/Sílvio Caldas
Linda Morena - Lamartine Babo
A Voz do Violão - Francisco Alves/Horácio Campos
Na Pavuna - Homero Dornellas/Almirante
Primavera do Rio, de João de Barro - Ernesto Nazareth
Apanhei-te Cavaquinho - Ernesto Nazareth
Florisbela - Nássara/Frazão
(Informações retiradas do site: http://wikipedia.org/wiki/Vila_Isabel)

Vila Isabel são pura poesia e musicalidade que vem desde seus representantes nascidos ou revelados no próprio bairro. Entre eles, destacamos Noel Rosa, que se comemora o seu centenário em 11 de dezembro, e também Martinho da Vila que adicionou o seu no artístico ao bairro.

Não podemos deixar de mencionar o Morro dos Macacos, onde a maioria dos moradores são passistas e ritmistas que compõem o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel.

Os locais mais importantes de bairro são:

Mosteiro Nossa Conceição da Ajuda fica em frente à Praça Barão de Drumond;

As calçadas musicais já supracitadas;

Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, conhecida como a Basílica menor;

A quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel fica na avenida principal do bairro;

A Igreja de Santo Antonio, o templo fica no alto do morro, acedido de uma longa escadaria, fica próximo ao Shopping Iguatemi.

Enfim, vocês perceberam quantas novidades tem em Vila Isabel.

Sejam bem vindos a casa é nossa!

28 de mai. de 2010

Martinho homenageia Noel Rosa

Por Thereza Carolina

Esse ano, o grande sambista, cantor, compositor, bandolinista e violonista Noel Rosa, completaria 100 gloriosos anos de vida. E foi para homenagear o centenário desse incomparável artista que Martinho da Vila lança seu novo CD "Poeta da Cidade".

O álbum é a estréia de Martinho na gravadora Biscoito Fino. São 14 grandes canções de autoria de Noel Rosa, com participações destacadas de Aline Calixto, Ana Costa, Analimar, Maíra, Mart'nália e Patrícia Hora.

Essa linda homenagem ficará, sem dúvida, na memória de todos que apreciam o trabalho de Martinho e de Noel.

Seguem as faixas do CD:

01. Filosofia
02. Minha Vida Part. Mart'nalia
03. E Não Brinca Não
04. Rapaz Folgado Part. Mart'nalia
05. Seja Breve
06. Coisas Nossas Part. Analimar Ventapani
07. Fita Amarela Part. Aline Calixto
08. Três Apitos Part. Patrícia Hora
09. Século do Progresso Part. Ana Costa
10. Quando o Samba Acabou Part. Analimar Ventapani
11. Último Desejo Part. Maira Freitas
12. O X do Problema Part Aline Calixto
13. Eu Vou Pra Vila Part. Ana Costa
14. Cidade Mulher

Lado escritor do Martinho da Vila

Por Pedro Aquino

Além de ser um músico bastante consagrado pelas suas composições musicais, Martinho da Vila também é escritor. Suas obras literárias abordam assuntos de diversos ambientes: políticos, sociais, familiares, culturais, tendo recentemente em 2009 lançado o livro Rainha da Bateria, destinado ao público infantil, com a trama focando o ambiente do samba. O lado escritor de Martinho são belissimamente comentado por sua amiga Cyana Leahy, no prefácio de Vermelho 17, livro lançado em 2007:

"Para falar do Martinho escritor é preciso examinar o perfil do compositor de belas melodias que iluminam poemas literariamente perfeitos. Alguém já viu letra mais poética e literária, daquelas que pegam a gente pelos cinco sentidos, reviram as emoções e nos deixam quietos, pensativos, do que 'Disritmia'?"

Tendo como referência a canção Disritmia, nada mais justo colocá-la aqui para ouvirmos esta letra que nos pega pelos cinco sentidos:




Aos Estagiários e Profissionais de Comunicação

Por Márcia Silvânia

Somente na prática é possível entender o dia a dia do profissional de comunicação quando sai para fazer um trabalho de campo, principalmente, se temos uma pauta definida. Lutamos contra o tempo, precisamos ser concisos e investigativos sempre quanto às informações recebidas.

Não devemos desistir dos nossos sonhos, mesmo que no decorrer de nossas vidas recebamos mais não do que sim. Caso contrário seriam adultos mimados, com os desejos sempre atendidos, porém não teríamos maturidade suficiente para enfrentar os obstáculos surgidos no dia a dia. A vida é um eterno desafio para quem sabe vive-la. Sigamos o exemplo da Sra. Ana Jacinta de São José, conhecida como Dona Beija que recebeu uma linda caixa de presente muito bem decorada, porém, ao abri-la, ficou surpresa com o seu conteúdo, mas ela não respondeu na mesma sintonia, usou de uma elegância ímpar, apenas colheu todas as flores do seu jardim colocando-as num vaso e as devolveu acompanhada de um belo cartão que dizia o seguinte: cada um oferece aquilo que sabe dar, seja gentileza ou ignorância. Vida que segue, não é porque um burro lhe deu um coice que devemos cortar as pernas. Quando se fecha uma porta abrem-se janelas.

Quero gentilmente agradecer ao Sr. Luís o atendimento no bar do Costa, ao Tunico Ferreira, filho do Martinho da Vila que casualmente chegou e conversou informalmente comigo e a Thyana, falando sobres os bares freqüentados pelo seu pai e irmãos. Agendamos uma entrevista para o dia 29/05/2010 em Vila Isabel. Após comermos bolinho de bacalhau e tomar um porre de coca-cola. Quando estamos trabalhando, não é ético rolar um chope, isto fica para as horas de lazer. Em seguida, fomos percorrer os três bares mais freqüentados pelo nosso homenageado Martinho José Ferreira, o primeiro foi o Petisco da Vila da Vila, localizado à Boulevard 28 de Setembro esquina com a Rua Visconde de Abaeté, onde fomos recebidas pelo senhor Carlos que disse para voltarmos em outro data e falarmos com Sr. Cláudio que tem várias histórias a contar, o segundo a ser visitado foi o Bar e Restaurante Capelinha sito à Boulevard 28 de Setembro, também muito freqüentado pela sua filha Analimar, às vezes por Mart'nália uma das filhas do cantor e compositor, onde tiramos fotos com o barman André e o gerente, quanta simpatia em nos atender e por último adentramos no Planeta do Chopp, à Boulevard 28 de Setembro esquina com à Rua Felipe Camarão fomos recebidas gentilmente por Cícera e Alex. Quantas peculiaridades nós descobrimos e a espontaneidade das pessoas em falar sobre o ilustre cidadão a quem nos referimos na nota. As pessoas que foram abordadas por nós, comentavam sobre o Martinho de forma bem simples e natural, dando a entender que faziam parte da Comunidade, digo o bairro de Vila Isabel; a sensação era de que o compositor estava interagindo na nossa conversa. Se as pessoas públicas em geral, soubessem ou tivessem noção do que elas representam para o seu público, seriam mais sérias, comprometidas em suas atividades, e isto o Martinho pode se orgulhar, ele não passou por elas, nós é quem passamos pela sua vida trocando experiência, ou seja, um processo de ensino-aprendizagem. Viver é um ato político, não precisamos estar em parlamentos para dizer e oferecer o que o povo necessita. Esse conjunto de idéias e comportamento agrega valores aos diversos públicos.

Ares de Isabel

Por Thyana Azevedo

Isabel respira Noel, Isabel é cheia de bossa e por influência de Rosa a musicalidade salta pelo chão. Ao caminhar pela Vila, sente-se vontade de saltitar ao som das notas desenhadas pelo caminho. Nas Paredes encontramos rostos pintados em homenagem aos artistas que ali viveram e perfumaram com música o ar de um dos mais tradicionais bairros do Rio de Janeiro.

Em Isabel procuramos pistas de Martinho. O primeiro ponto foi o Bar do Costa localizado nas esquinas Visconde de Abaeté e Barão da Torre, um local simples, com mesas na calçada, mas decorado internamente com vários quadros com reportagens do "Globo" citando o local. Na mesma esquina encontramos também os bares Boêmios da Vila e Aba´te Bar. Ali recebemos dicas preciosas se deu filho Tunico, que passou por acaso.

Ao citar Martinho em seus pontos preferidos - Petisco da Vila, Capelinha e Planeta do Chopp - percebemos um sorriso em quem nos atendia. Em especial, o Barman André, do restaurante Capelinha, que sente orgulho em já ter atendido Martinho diversas vezes.

Mesmo não encontrando nosso mestre pelas ruas do bairro, descobrimos um tesouro. Impossível pensar em Martinho sem associar à sua Vila, Vila Isabel. Vila com ritmo de muitas histórias, de boemia, de samba, de música e de gente.

27 de mai. de 2010

Devagar, devagarinho...

Por Rachel Baêta

♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪

"É devagar, é devagar
É devagar, é devagar, devagarinho
Devagarinho é que a gente chega lá
Se você não acredita você pode tropeçar..."

É assim mesmo que conseguimos algo, devagar, devagarinho. Quando vamos com muita sede ao pote, rápido demais, atropelando tudo e todos podemos tropeçar e termos conseqüências desastrosas e nem chegar à lugar algum! A música de Martinho relata bem isso:

"...eu conheci um cara que queria o mundo abarcar
Mas de repente deu com a cara no asfalto
Se virou, olhou pro alto
Com vontade de chorar..."

As vezes ouvimos que estamos devagar, deixando o tempo passar, mas estamos apenas traçando metas e superando expectativas.

"... Sempre me deram a fama
De ser muito devagar
E desse jeito
Vou driblando os espinhos
Vou seguindo o meu caminho
Sei aonde chegar."

♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪

20 de mai. de 2010

CURIOSIDADES!

Por Márcia Silvânia

Vocês Sabiam?

Muitos responderam que sim, há pessoas que por pura empatia tornam-se admiráveis. Isto aconteceu com o Martinho José Ferreira, o nosso Martinho da Vila, compositor, poeta talentoso, extremamente sedutor, pois ele causa fascínio aonde chega, com sua calma e doce é assim que se apresenta. Por se relacionar bem com as mulheres, ele é um profundo conhecedor do universo feminino. Mesmo quando fala das dores, a sua fala é magistral. Quando ele canta a música "Ex-amor" do seu repertório, sentimos o samba de uma maneira compassada. Esta música foi lançada em 1981 no álbum Sentimentos. Acompanhe a música e a letra abaixo:


Ex-Amor
Martinho da Vila
Composição: Martinho da Vila

Ex-amor
Gostaria que tu soubesse
O quanto que eu sofri
Ao ter que me afastar de ti
Não chorei
Como um louco eu até sorri
Mas no fundo só eu sei
Das angústias que senti
Sempre sonhamos
Com o mais eterno amor
Infelizmente
Eu lamento mas não deu
Nos desgastamos
Transformando tudo em dor
Mas mesmo assim
Eu acredito que valeu
Quando a saudade bate forte
É envolvente Eu me possuo
E é na tua intenção
Com a minha cuca
Naqueles momentos quentes
Em que se acelerava meu coração

Uma obra-prima

Por Márcia Silvânia

O Pequeno Burguês de autoria de Martinho José Ferreira, conhecido no meio artístico como Martinho da Vila, se consagrou com uma obra memorável, que continua viva para todos que sonham com uma ascensão social. De 1969 a 2010, algumas coisas evoluíram para o acesso à faculdade, porém as diferenças sociais continuam. Essa letra é uma crítica à educação brasileira, o crescimento de uma nação depende de uma política séria, principalmente em ações bem planejadas e analisadas sistematicamente. Incrível como Martinho anteviu toda essa realidade que vivemos na pos modernidade. Mesmo predestinado ao sucesso, considero-o de vanguarda porque na sua essência habitava um ser humano de aguçada consciência política que de forma leve e lúdica nos remetia a um despertar social da nossa realidade.




O Pequeno Burguês

Martinho da Vila

Composição: Martinho da Vila


Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
É particular
Particular!
Ela é particular
Particular!
Ela é particular...

Livros tão caros
Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar...

Morei no subúrbio
Andei de trem atrasado
Do trabalho ia prá aula
Sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa
À meia-noite
Tinha sempre a me esperar
Um punhado de problemas
E criança prá criar...

Para criar!
Só criança prá criar
Para criar!
Só criança prá criar...

Mas felizmente
Eu consegui me formar
Mas da minha formatura
Não cheguei participar
Faltou dinheiro prá beca
E também pro meu anel
Nem o diretor careca
Entregou o meu papel...

O meu papel!
Meu canudo de papel
O meu papel!
Meu canudo de papel...

E depois de tantos anos

Só decepções, desenganos

Dizem que sou um burguês

Muito privilegiado

Mas burgueses são vocês

Eu não passo

De um pobre coitado

E quem quiser ser como eu

Vai ter é que penar um bocado

Um bom bocado!

Vai penar um bom bocado

Um bom bocado!

Vai penar um bom bocado

Um bom bocado!

Vai penar um bom bocado...

14 de mai. de 2010

Martinho da Vila, de pequeno burguês à intelectualidade.

Por Márcia, Wagner e Thereza

Falar de Martinho, significa perseverança, luta de um ideal que estava a quem de sua classe social, que não era tão expressiva em sua época. A sua carreira começou na modernidade e perdura na pós modernidade com músicas de excelente qualidade gravadas por diversos intérpretes e sua aceitação pelo público jovem, pois esta identificação é passada de geração em geração. Não podemos esquecer da sua conscientização política, a contribuição cultural em nosso país como em Angola, por exemplo.

Será aqui, nesse blog, que vocês acompanharão toda essa trajetória e mais, poderão conhecer a intimidade dessa maravilhosa pessoa que é Martinho da Vila.